Homens de Pouca Fé


 Qual é o verdadeiro problema da Igreja? Qual é a nossa verdadeira necessidade? Tal como na época de Jesus, somos muitas vezes "homens de pouca fé". Temos muita dificuldade para crer nas promessas do Senhor. Olhamos para muitos eventos do Antigo Testamento e reconhecemos a incredulidade do Povo de Deus. Conferimos o Novo Testamento e percebemos quando os apóstolos falhavam em confiar. Todavia, geralmente fracassamos em perceber a nossa própria incredulidade diante dos muitos desafios da vida. Ficamos preocupados, ansiosos, agitados e até perturbados, e, não, percebemos que tudo isso se deve a nossa dificuldade em crer no poder e na graça do Senhor.

O atestado de Jesus para as diversas ocasiões na vida dos discípulos e nos demais ouvintes foi um só: "homens de pouca fé". Jesus no sermão da montanha afirmou: "Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe, e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá a vós, homens de pouca fé? (Mateus 6.30). Jesus em um barco que enfrentava uma tempestade alertou: "Por que temeis homens de pouca fé? Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se uma grande bonança" (Mateus 8.26). Depois dos milagres da multiplicação dos pães, Jesus exortou: "Por que arrazoais entre vós, homens de pouca fé, sobre o não terdes trazido pão? " (Mateus 16.8). Em todas as angústias, ansiedades e medos, o problema é esse: "homens de pouca fé".

Em muitos dos cultos do Seminário Teológico Betel, RJ, cantávamos o hino "Em Fervente Oração". Era um verdadeiro período de preparação e desafio espiritual, principalmente quando repetíamos o coro: "Quando tudo perante o Senhor estiver, e todo o seu ser Ele controlar, só, então, hás de ver que o Senhor tem poder, quando tudo deixares no Altar". Sim, isso é fé. Deus deseja que expressemos a nossa confiança n'Ele, entregando tudo a Ele. Tudo deve estar sob a Sua liderança, Seu governo e controle. Mas, para fazermos isso, precisamos reconhecer a Sua soberania e graça. De outro modo, recorreremos a métodos duvidosos, carnais e até mesmo diabólicos na tentativa de se buscar uma solução para algum problema.

É muito fácil, para nós que temos o dom do ensino, assumirmos o púlpito e falarmos muita coisa sobre a fé. No entanto, quando as dificuldades se levantam, quando a enfermidade vem, quando há oposição, quando falta dinheiro, quando parece que estamos sendo esquecidos por todos, quando as coisas não estão bem, como tem sido a nossa postura? De vítima ou de dependência de Deus? De frustração ou esperança no Senhor? De desânimo ou de confiança nas promessas do Alto? As circunstâncias revelam o nosso calibre espiritual. E muitas vezes temos demonstrado na prática que somos "homens de pouca fé". Falamos, mas não vivemos. Pregamos, mas não tomamos posse. Ensinamos sobre a fé, mas não a experimentamos.

Paremos um pouco, reflitamos, será que aprendemos mesmo a confiar em Deus? Homens e mulheres de fé se comprometem sempre com a verdade, paciência, humildade, ética, respeito e com todos os valores cristãos, pois reconhecem a soberania do Senhor em tudo. Homens e mulheres de fé sabem que o Senhor trabalha a favor de todos os que são Seus. Homens e mulheres de fé são aqueles que permitem que o Senhor assuma o controle de todas as causas, direitos, sonhos e questões que incomodam e apertam o coração. Homens e mulheres de fé não precisam recorrer a manobras políticas ou mesmo a pessoas "importantes" para conseguirem o que desejam, isto é, com aquele famoso e vergonhoso "jeitinho brasileiro". Homens e mulheres de Deus confiam, descansam e esperam em Deus.

Deixemos que a Palavra de Deus ministre ao nosso coração: "Confia ao SENHOR as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos" (Provérbios 16.3). "Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado" (Salmos 37.3). "Confia no SENHOR de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento" (Provérbios 3.5). "O justo se alegrará no SENHOR, e confiará nele, e todos os retos de coração se gloriarão" (Salmos 64.10). São conselhos assim que estão norteando a nossa vida? As promessas da Palavra de Deus estão servindo de referência em tempos de escolhas e decisões? Que o Senhor ao olhar para nós não precise dizer: "homens de pouca fé".

Pr. Adriano Xavier Machado